SÃO PAULO (Reuters) - A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta quarta-feira que sua campanha entregará uma terceira e definitiva versão de seu programa de governo à Justiça eleitoral contendo as sugestões de consenso dos partidos que compõem a coligação de sua candidatura.

Ela confirmou que assinou sem ler o primeiro texto registrado no TSE.

"O documento é provisório e terá um outro documento, aí sim definitivo, fruto dos programas de governo que cada partido tem. E vai se chegar a um consenso", disse Dilma a jornalistas. "É possível, é legal", advertiu.

A candidata reputou à pressa as rubricas em cada página do programa. "Me pediram --eu estava embarcando para viajar-- para rubricar. Rubricar é rubricar. Eu rubriquei todos os documentos. Todos os meus documentos pessoais, que são os mais importantes, e foi publicado", afirmou.

Na segunda-feira, ao registrar a candidatura de Dilma, a campanha da candidata levou ao Tribunal Superior Eleitoral um programa de governo contendo propostas que incluíam redução da jornada de trabalho das atuais 44 para 40 horas, a taxação de grandes fortunas e o controle social da mídia.

Após a repercussão imediata das sugestões, o PT substituiu o programa, alegando que o primeiro continha a resolução sobre as diretrizes do 4o Congresso do PT, realizado em fevereiro.

"O que ocorreu pode ocorrer com qualquer pessoa, com qualquer partido, porque nós não somos perfeitos, nós erramos", justificou a candidata, explicando que "baixaram um documento errado", "que é do PT enquanto a campanha é uma coligação."

O documento entregue erroneamente não foi totalmente rechaçado pela candidata. "Nós não concordamos com vários pontos e isso é público e notório", disse ela, sem detalhar as discordâncias.

Classificou as críticas que vem recebendo da oposição a partir do episódio como "muito barulho por nada" e admitiu não ter lido o programa registrado pela campanha do adversário tucano José Serra.

Quanto às promessas de Serra de que vai ampliar o programa Bolsa Família, principal política social do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma disse que se trata de propaganda eleitoral.

"Não é possível olhar a questão social como apêndice, anexo de um programa. Para nós é parte central."

Após realizar uma curta caminhada e um comício na praça da Sé, região central da capital paulista, Dilma visitou uma ONG dedicada ao ensino de música a crianças carentes localizada na comunidade de Heliópolis. Os alunos fizeram uma apresentação para a petista executando as músicas "Brilha, Brilha Estrelinha" e "Bambalalão."

(Reportagem de Carmen Munari)